3 cenas

Cena 1
Um grupo de cinco alunos – quatro meninas e um garoto – em torno do onze anos, estão fazendo um anúncio de si mesmos, em inglês. Cada um escreve o que quer dizer de si, suas qualidades, suas preferências, seu físico... Uma menina quer saber como dizer que ela vale um milhão de reais. Uma outra folheia um dicionário com gravuras e, vendo um bolo, diz “I love ... Como se pronuncia bolo?” Neste momento, o garoto se esparrama pela mesa, apóia sua cabeça na mão e diz: “Outro dia minha mãe fez um bolo horrível. Ficou um cheiro... O bolo não saiu certo...”

Cena 2
Conversando com uma manicure que está cursando supletivo depois de longa jornada de trabalho, pergunto: “Como vão as aulas? Já está de férias?” Ela me responde, “Estou fazendo provas. São duas por dia.” Logo pergunto o que queria perguntar desde o início: “E quando é a prova de inglês?” “Amanhã”, diz ela. Ah, estou feliz, no meu assunto favorito... Faço muitas perguntas ao mesmo tempo: “Tá sabendo tudo? Quer tirar alguma dúvida? Qual é a matéria?” Ela está desanimada: “Ih, esse negócio de inglês não é pra mim, não...” Não posso me conformar que ela esteja com esse discurso de quem joga a toalha. Insisto: “Mas o que está pegando? Diga lá onde você tem dúvida. Outro dia você estava estudando cores, não?” “É, mas não dá para eu dizer aquelas coisas, não.” Tento ajudá-la com o “r” de “red” e logo a raiva dela contra esse som novo se manifesta. “Não quero isso não.” Aí, quem joga atoalha sou eu...

Cena 3
Uma pessoa chega para outra e diz: “Azul.” Esta outra pessoa responde “Marrom.” O diálogo continua: “Sábado.”, “Quarta-feira.” Avança depois para outros assuntos igualmente interessantes: “Janeiro.”, “Março.” ou para partes da casa ou mesmo coisas encontradas na sala de aula...